O Mesmo de Sempre

  Era mais um dia comum, acordei cedo, tomei meu café da manhã de sempre: pão e um café preto. Vesti o meu único terno e fui trabalhar. Peguei o mesmo trânsito de sempre enquanto ia ao trabalho. O mesmo escritório, as mesmas pessoas, o mesmo barulho de teclas e cochichos no fundo. Cumprimentei os meus amigos e sentei na minha mesa. Fiz o mesmo trabalho que tenho feito há anos: montar planilhas com as dívidas e as receitas da empresa, e depois calcular as diferenças entre essas. Às seis horas fui ao escritório do meu chefe, onde apresentei o meu relatório diário, e tomei a mesma bronca de sempre por não ser específico o suficiente quando me reportava. Mas dessa vez ele perdeu a paciência e me mandou embora. Sai do trabalho, entrei no meu carro e dirigi para casa, fiquei preso num trânsito pior do que aquele da manhã. Cheguei em casa, me despi e tomei um banho.
  Depois jantei assistindo o mesmo noticiário de sempre, peguei meu celular para me divertir com as mesmas porcarias que as redes sociais nos oferecem, li uma matéria que levava o título: “Pessoas que riem à toa têm vidas mais vazias, indica estudo”. RI de mim mesmo e do quanto aquilo parecia ser bobo. O meu dia fora monótono como sempre era. Mas dessa vez eu não fui dormir na minha cama de sempre no meu quarto usual. Dessa vez meu dia teve uma novidade: uma corda e um ventilador de teto.

Uma crônica de Daniel Brugnaro

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