Profissão: Técnofessor!

            Somos do 2º ano do ensino médio técnico, e nesse curso há um professor que é querido por muitos, e para nós ele é uma inspiração - por isso pensei em entrevistá-lo, o nome dele é Wellington Vieira dos Santos. Ele entrou na nossa escola no ano passado, embora ele estivesse meio perdido no começo com as novidades e com todas as regras da nova escola, hoje em dia ele é nosso coordenador de sala.
            E para essa entrevista preparei quatro perguntas sobre o motivo de escolha da sua profissão e para ele dizer sua opinião sobre os jovens e os ensinos que estão tendo hoje.
            Segue a entrevista:
            Como foi via mensagem, mandei as perguntas e ele foi me mandando áudio com as respostas.
1.       Por que você escolheu a área de informática?
2.       Por que escolheu ser professor?
            W: A primeira pergunta é relativamente simples de responder. Em 1985 eu cursava a 5ª série do ensino fundamental (equivale ao 6º ano hoje) e passaram algumas pessoas na escola oferecendo uma espécie de bolsa para alguns dos melhores alunos lá, os quatro primeiros alunos da turma, para que fizessem um curso de informática - não era como hoje, claro. Meu pai fez um esforço e conseguiu pagar os materiais que eu precisava, enfim, e nesse curso a gente tinha uma noção geral sobre como criar um arquivo, como administrar, como criar um arquivo de texto e isso acabou despertando o meu interesse nessa área. E eu passei o restante da vida de lá para cá pensando em como seria interessante trabalhar com essa área, e então comecei a trabalhar, não na área de informática, mas na área de contabilidade e finanças, e num belo dia eu decidi fazer um curso no SENAI e esse curso abriu de vez as portas para eu trabalhar com informática. Pouco tempo depois um professor desse curso perguntou se eu gostaria de dar aula de informática (isso em 2000) e como eu sempre gostei de informática (fuçava máquinas que eu nem tinha) comecei a trabalhar, mesmo sem ter computador - somente através de livros, porque era bem complicado, não tínhamos a internet como temos hoje. Foi ai que despertou o desejo de ser professor, talvez a segunda pergunta acabou sendo respondida aqui, eu gosto de transmitir aquilo que eu aprendi, acho que isso pode fazer a diferença na vida de alguém, eu acho que uma das questões mais importantes de dar aula é isso – fazer a diferença na vida de alguém.

3.      O que você acha dos jovens de hoje em dia e de como eles se saem na escola?
W: Acredito que por melhor que sejam escolas ou cursos de formação básica e de ensino médio, os jovens saem da escola hoje com um déficit cultural muito grande, por que, de uma forma geral, a percepção que eu tenho é que não existi incentivos pontuais e importantes na área de cultura no nosso país, infelizmente, e outro aspecto que acredito que pode causar esse despreparo dos jovens que saem da escola é pela falta de interesse pelas próprias famílias muitas vezes - ou incentivar os seus filhos ou se preocupar um pouco mais com o resultado da formação deles e com o que de fato eles estão levando, com o que de fato os jovens estão levando. Oferecer tecnologia, recursos,
Suporte - muitas vezes até financeiro, não é o suficiente para garantir que o jovem vá sair como ele deve sair. Eu acredito que os jovens não saem preparados por que eles não têm muitas vezes incentivo ou o suporte no que diz respeito à preparação psicológica mesmo, ou também o conhecimento do mercado - conhecer outras áreas, a área com o que eles gostariam de trabalhar, mas para isso eles teriam que ser estimulados. Então acredito que falta estímulo, e essa falta de estímulo acaba fazendo com que os jovens participem de um processo de formativo no sentido de forma, não no sentido de formação, exemplo: eu coloco um bolo numa forma, e a única certeza que eu tenho, é aquele bolo crescendo ou não o formato vai ser quadrado, triangular, de coração, porque a impressão que nós temos é que você precisa conhecer português, matemática, geografia e tantas outras coisas, mas como isso tem sido apresentado pra esses jovens? Acredito que isso faz bastante diferença e inclusive contribui para que os jovens saem despreparados para o ingresso ou em outros momentos educacionais, como graduação e outros que vem na sequência. Mas acho que podemos resumir dizendo que os jovens não saem preparados por falta de motivação.

4.      Você tem alguma dica, ou algo que queira compartilhar com os estudantes, para os seus alunos?
W: Não sei se é privilegio, mas as dicas de vida, de educação, de cultura que eu poderia passar para vocês para responder essa questão, podem estar ligadas a muitas vezes aos comentários que a gente tem em sala de aula né?
Por que a gente está estudando informática? Por que a gente precisa estudar língua portuguesa? Por que precisamos conhecer uma outra língua? Por que a gente precisa conhecer outra cultura? Por que a gente precisa ter contato com tanta informação histórica? Por que ? Qual é a resposta? Qual é o objetivo de eu conhecer tudo isso?

A dica de sempre - que vocês já devem estar acostumados a ouvir em sala, é: Para que você vai usar isso? Quanto e qual sentido isso tem para o seu futuro? E como descobrir isso? Talvez aprofundar em certas questões, buscar quais conhecimentos, tentando se relacionar, ou como eu costumo dizer triangular - aquilo que você conhece, aquilo que você esta tendo contado e para a onde aquilo pode te levar. Estudar sempre, perguntar o porque sempre, entender o porque estamos usando tecnologia, entender porque a situação política do Brasil vai para o lado que vai, entender a relação com o passado, entender o que isso pode nos causa no futuro - o futuro dos nossos filhos, dos nossos netos, dos nossos estudantes. É estudar e tentar entender, a dica de sempre é estudar. A gente deve se esforçar em aprender, mas uma coisa que eu costumo usar, inclusive nas minhas aulas e também no meu estudo - no estudo das minhas questões, nos estudos que eu acho que valem a pena, é que a gente tem que aprender a aprender, é um ponto fundamental. E como buscar isso? Isso não se ensina, pra isso não tem escola - mas talvez compartilhar uma dica, compartilhar uma experiência, compartilhar uma forma de fazer alguma coisa que deu certo (e que deu muito certo) e que fez a diferença pra alguém, talvez isso nos ensine um dia a aprender a aprender, talvez para aprender a aprender eu precise me calar, ou precise falar, ou precise questionar aquilo tudo que eu estou tendo contado: por que aquilo é assim? Sair da caixa, se você puder assistir ate mesmo no Youtube um pequeno vídeo que fala sobre a teoria dos macacos, você vai entender melhor essa questão de que eu preciso sair de dentro da caixa, eu preciso enxergar fora da caixa, eu tenho que entender que aquilo que eu estou aprendendo pode fazer a diferença para alguém um dia. Com o tempo a gente vai entendendo cada vez mais o que é o conceito do aprender a aprender.


Autores: Rafael Antonio, Guilherme Vaccani, Luana Kadota, NK

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